terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Patrícia Poeta assume hoje bancada ocupada por Fátima Bernardes no JN

Jornal Nacional vai contar nesta terça-feira com uma nova apresentadora fixa na bancada desse jornalístico que é o de maior audiência no país desde sua criação em 1969. A jornalista Fátima Bernardes sede a cadeira que ocupou por quatorze anos (estreou em 1998) à Patrícia Poeta, que também é profissional das comunicações e até então estava à frente do dominical "Fantástico".

Desde a semana passada, a Globo vem anunciando  a mudança ao longo do próprio telejornal numa espécie de teaser para envolver suspense e dar o que falar entre os expectadores. A quinta-feira (1) foi o dia escolhido para o anúncio dos novos rumos tomados pela direção da emissora em relação ao programa. A informação foi dada durante o jornal e, mais cedo, por meio de uma coletiva de imprensa. O evento contou com as presenças de William Bonner, Fátima Bernardes, Evandro Carlos de Andrade (diretor da CGJ - Central Globo de Jornalismo), Patrícia Poeta e Renata Ceribelli, esta agora assumindo efetivamente a bancada do "Fantástico".

Fátima Bernardes, Patrícia Poeta e William Bonner durante a coletiva de imprensa

Tal acontecimento vem tomando uma proporção de grande destaque pela própria emissora e, por consequência, acaba por ser aderido pelos outros veículos jornalísticos, como exemplo os jornais impressos. Não poderíamos imaginar que a Record faria uma reportagem em vídeo sobre as alterações de sua arqui-inimiga número 1 ou que uma matéria de mesmo teor abrisse a edição do Jornal do SBT. Este, talvez, fosse o mundo ideal, onde a concorrência comercial e a vaidade ficariam de lado para dar espaço supremo ao benefício da informação dada a todos. Fato é que o assunto fica mesmo para registro único e restrito nas editorias de celebridades, curiosidades ou de televisão. No dia três (sábado), Fátima aproveitou para apresentar à Patrícia os estúdios de seu novo emprego (veja no vídeo abaixo).




Mas será que este tipo de assunto é mesmo algo que deve ser tido como informação jornalística e, portanto, passar a ocupar o conteúdo dos veículos e as pautas de seus programas? O Jornal Nacional, ontem, dedicou seu bloco final inteiro para falar das carreiras de Patrícia Poeta e Fátima Bernardes, além de trazer um bate-papo entre as duas e o Bonner na bancada do programa. O que ficou claro é que, com isso, a emissora pretendia transformar esse acontecimento em algo como o "Oscar" e registrar a Fátima passando o bastão, isto é, o "microfone" (ela diz isso no vídeo) à Patrícia Poeta.




Tudo isso nos faz pensar o que realmente é notícia e até onde o jornalista pode ser considerado uma celebridade, um artista. De fato, o profissional entrelaça palavras, as costura, tem nas mãos uma tarefa difícil que é a de reportar o que viu e ouviu em um universo caótico onde os fatos surgem. As fontes, quase sempre, tem seus próprios interesses e estes são sempre escusos, de modo que a atividade jornalística não é tarefa para despreparados. Mas será que a pessoa física deve ser considerada notícia no produto jornal, com penetração nacional quando troca de emprego? Isso ocorre porque o jornalista é considerado "Super-Homem", já que Clark Kent o era? Ou ele se confunde com seu entrevistado, assumindo o glamour do cantor, do futebolista, do médico, do especialista?

Bem, é claro que no telejornalismo essas vaidades são ainda mais exaltadas. A imagem fala mais do que mil palavras. Então, a voz, o cabelo, o enquadramento, as roupas são importantes. Mas e a notícia? E a vida das pessoas? Eu sou a favor da discrição e já admito que o contato com a informação não faz o jornalista se distanciar totalmente da notícia produzida e divulgada por ele. Este, por ter digitais e sua peculiar psicologia, vai mesmo dar o tom e colocar algo na matéria que é próprio de si, sem dúvida. Entretanto, dá para fugirmos de alguns equívocos. Não podemos alimentar um "Big Brother" dos jornalistas e fazermos da pessoa, do profissional da informação, algo maior do que o fato. Não porque este é menor, mas sim porque a notícia é maior, é mais importante.

Ainda não se fala nada sobre o formato do programa que Fátima Bernardes comandará na Globo no ano que vem. O que nos resta fazer é razoavelmente desejar a ela sorte na nova empreitada e juízo por parte do corpo de profissionais envolvidos na produção. Eles decidirão o que será "informação" para ser consumida pelas pessoas em nível nacional, perceba a responsabilidade. A conferir!

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