quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Para Onde Vou?

Acordei esta manhã um pouco intrigado e pensativo. É que no dia anterior, um amigo me incumbiu indicar-lhe um local interessante que deveria ser descrito por mim. Poderia ser em qualquer cidade, o importante era ter algum significado interessante do ponto de vista humano. O problema inicial era encontrar um nome em meio a tantos, uma vez que só passei a reparar a vastidão qualificada da geografia brasileira a partir deste desafio. Não que eu seja viajado, mas a verdade é que pelo fato de o leque de opções ser grande, me senti na responsabilidade de não vacilar nesta escolha. Minha dúvida era como se estivesse de férias do trabalho e tivesse de pensar: para onde vou?

Ainda na sacada, em uma manhã de um dia útil na capital paulista, eu carregava uma xícara de café e divagava observando o trânsito de veículos que já se acumulava lá fora. Era sexta-feira e não bastasse o congestionamento, há dias o logradouro estava em obras, com parte da via interditada. Imagine você que a rua é de mão dupla, de pista simples, muito estreita e promove o leva e traz de carros de boa parte da região do bairro do Paraíso, zona sul da metrópole.

Um motorista de uma Kombi, impaciente, gesticulava para o carro da frente sair. Isso porque, na visão dele, havia chegado primeiro antes da barreira e quem deveria dar a marcha ré seria o outro. Presuma a confusão. Mas voltemos à indicação da localidade pretendida pelo meu amigo, já que, para o paulistano, enfrentar esses obstáculos diários não é nenhuma novidade. Eles estão acostumados a se acotovelar e sairem sorrindo depois.

Fato é que esta passagem me trouxe inspiração para determinar o nome daquilo que me deixava meditabundo aquela manhã. Eis que chegamos então ao Parque do Ibirapuera, um local que seria adequado não só para o estressante motorista daquele veículo multi-uso, mas também a qualquer terráqueo merecedor de paz. Das poucas vezes em que tive a oportunidade de passear por lá, saí renovado. O ar é puro, a área para devastar é consideravelmente grande e você alcança momentos de extrema tranqüilidade e lazer.      

Vista diurna a partir do lago do Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Local para reflexão

Trata-se do terreno arborizado mais freqüentado pelos paulistanos, que podem contar com atrações tais como: o Museu de Arte Moderna e Contemporânea, o Pavilhão da Bienal, o Pavilhão Japonês, a Oca, o Viveiro e o Planetário, apenas para citar alguns exemplos. Já para exercitar os músculos e esqueletos, existe uma excelente ciclovia, 13 quadras e playground, sem contar a famosa marquise usada pelos patinadores, skatistas e praticantes de hóquei.

O seu cão é outro morador do planeta Terra que tem vez no Ibirapuera. Eles são bem aceitos por lá desde que seja feita a parte que cabe a você. Sim, recolher as fezes dos animaizinhos colegas é obrigação, apesar de muitos cidadãos não gostarem de cumprir esta lei. Por vezes, um bicho parecido com um gambá sai da toca dia ou noite em busca de alimentos deixados por pessoas mal educadas. Vale registrar que não é necessário alimentar os animais que vivem ali, pois recebem atendimento de rei.

Agora, esse gambazinho é muito feio e tem a cara parecida com a do “Predador”, do filme de Hollywood. Por vezes, se estiver distraído e se encontrar de frente para ele, o bicho poderá emitir um som e mostrar dentes afiados. Mas é inofensivo, o faz para se defender e corre logo após. Entretanto, não o enfrente depois disso. Não duvido que ele queira colocar os dentes à prova.

De dia, o negócio é correr, andar a pé, de bicicleta, no mato e nas pistas. Curtir o sol, o calor, beber uma água de boa qualidade e tratada lá mesmo. Se tiver algum show gratuito, não se deve perder, não. A administração sempre faz parcerias com bandas conhecidas ou até mesmo outras em que nosso ouvido não é agredido. Campanhas de educação ambiental e sustentabilidade são outras ações de responsabilidade social que o parque carrega consigo. Escola de jardinagem, de astrofísica e um jardim de esculturas são também outras opções de cultura e arte do local.

Já quando chegar a noite, é se beneficiar da boa brisa, do ambiente de aconchego, a meia luz amarelada e sentar nos bancos da Praça da Paz. Esta é uma imensa rodela gramada e arborizada ideal para os casais de namorados assistirem: ao pôr-do-sol, à correria das crianças ou fazer a leitura de um bom livro. “Haja coração”, como diria um narrador conhecido.


Adultos e crianças se divertem em apenas uma das áreas verdes do parque

É realmente uma excelente pedida também, por exemplo, para almoçar ou tomar um lanche com seus amigos e família. O extenso jardim possuí duas lanchonetes, um restaurante, quiosques com mesas e área para o tradicional piquenique ou, para falar sofisticado, o tal convescote. Lembremos dos banheiros, que são grandes e limpos com freqüência todos os dias. O paulistano agradece.

Aliás, o morador da capital paulista gosta também, e por que não, de uma conversa com gente nova e, até então, desconhecida. As pessoas que freqüentam o Ibirapuera estão, em geral, dispostas e desarmadas para um boa prosa. É exatamente o que recomendo e acredito ser ideal para os habitantes desta imensa construção de pedra, onde pouco se falam, se estressam, apertam-se, brigam e sequer curtem o melhor da vida. Mereceriam ter acesso a esta indicação os dois motoristas truculentos mencionados acima e inspiradores do tema tratado aqui. Sugiro um melhor convívio entre os animais e a natureza!   

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